Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus. Depois de assim falar, acrescentou-lhe: Segue-me (Jo 21.18,19).
Ouvir de seu Senhor e Amigo que você morrerá no serviço dEle é algo que nos torna sérios. Foi uma mensagem indireta, mas Pedro compreendeu o significado. E quem sabe que feição havia no rosto de Jesus, quando Ele disse estas palavras? Todavia, este é o preço de seguir a Jesus. Isto não difere do que Ele prediz para cada um de nós. “Se alguém vem a mim e não aborrece... a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26). “Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12.25). “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24). “Matarão alguns dentre vós. De todos sereis odiados por causa do meu nome” (Lc 21.16,17).
A tradição nos diz que Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, em Roma, durante uma das perseguições de Nero, nos anos 60 d.C. Eusébio, o historiador da igreja primitiva, escreveu: “Parece que Pedro pregou no Ponto, Galácia, Bitínia, Capadócia e Ásia aos judeus da Dispersão. Quando, por fim, veio a Roma, foi ali crucificado de cabeça para baixo, pois ele mesmo havia pedido para sofrer deste modo”.1
Jesus predisse o martírio de Pedro. Jesus sabia o tipo de morte e o tempo específico. Este conhecimento específico poderia desanimar Pedro. Ou poderia servir para lembrar-lhe que, não importando o que tivesse de lhe acontecer, o Senhor Jesus nunca é tomado de surpresa. E não somente isso, Jesus falou estas palavras a Pedro depois de ressuscitar triunfantemente dentre os mortos. Isto significava que, “havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele” (Rm 6.9). Portanto, Jesus estaria vivo e reinando quando Pedro fosse morto. Ele estaria lá para ajudá-lo. “Eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.20). E não somente para ajudá-lo a enfrentar a morte, mas também para ressuscitá-lo: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita” (Rm 8.11).
Jesus sabia que uma parte da vontade de Pedro não quereria esta morte. “Quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres” (Jo 21.18). O próprio Jesus clamou: “Se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mt 26.39). Isto também acontece com todo que segue os passos de Jesus. Sofrimento é sofrimento, e não prazer. Somente um amor mais sublime leva você a aceitar a morte, quando poderia evitá-la negando a Cristo.
João afirmou que a morte de Pedro glorificaria a Cristo: “Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus” (Jo 21.19). A maneira como João disse estas palavras parece mostrar que ele considerava todas as mortes de crentes como designadas para a glória de Deus. A diferença é esta: com que tipo de morte glorificaremos a Deus?
Você está pronto para isto? Você demonstrará que Deus é grande na maneira como morrerá? Você dirá: “O viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1.21). Você dará nomes agradáveis a este inimigo horrendo, torturante e derrotado? A perda de todos os queridos de sua família terrena, dos amigos e de seus bens desvanece ante à perspectiva de ver e estar com Cristo?
Depois de haver predito a morte horrível de Pedro, Jesus disse-lhe: “Segue-me”.
"Saiamos, pois, a ele, fora do arraial"
(Hb 13.13).
John Piper
Fonte: Voltemos ao Evangelho
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