segunda-feira, 29 de março de 2010

R. C. Sproul - O Fruto do Espírito


O fruto do Espírito Santo é um dos aspectos mais negligenciados do ensino bíblico sobre santificação. Há várias razões para isso:

"...Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé..." (Romanos 12:1-21)

"...Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
- Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil... Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer..." (I Corintios 12:1-14)

"...Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito..." (Gálatas 5: 19-26)

"ROGO-VOS, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados... Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só SENHOR, uma só fé, um só batismo; Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós... Mas vós não aprendestes assim a Cristo" (Efésios 4:1-6, 20)

A preocupação com as coisas exteriores

Embora os estudantes muitas vezes murmurem e reclamem quando têm de fazer uma prova na escola, há um sentido em que realmente queremos fazer as provas. Sempre encontramos nas revistas modelos de testes que medem habilidades, realizações ou conhecimentos. As pessoas gostam de saber em que nível estão. Será que consegui alcançar a excelência numa certa área, ou estou afundando na mediocridade?

Os cristãos não são diferentes. Tendemos a medir nosso progresso na santificação examinando nosso desempenho de acordo com padrões externos, Proferimos maldições? Bebemos? Vamos muito ao cinema? Esses padrões são freqüentemente usados para medir a espiritualidade, O verdadeiro teste, a evidência do fruto do Espírito Santo geralmente é ignorado ou minimizado. Foi nesta armadilha que os fariseus caíram.

Nós nos afastamos do verdadeiro teste porque o fruto do Espírito é difícil demais. Exige muito mais do caráter pessoal do que os padrões exteriores superficiais. É muito mais fácil evitar falar um palavrão do que adquirir o hábito de ter uma paciência piedosa.

A preocuparão com os dons

O mesmo Espírito Santo que nos guia na santidade e produz fruto em nós também distribui os dons espirituais aos crentes. Parecemos muito mais interessados nos dons do Espírito do que no fruto, a despeito do ensino claro na Bíblia de que alguém pode possuir dons e ser imaturo no progresso espiritual. A carta de Paulo aos Coríntios deixa isso muito claro.

O problema dos descrentes justos

É frustrante medirmos nosso progresso na santificação pelo fruto do Espírito Santo porque as virtudes relacionadas às vezes são exibidas num nível maior por descrentes. Todos nós conhecemos pessoas não-cristãs que demonstram mais bondade ou mansidão do que muitos cristãos. Se as pessoas podem ter o "fruto do Espírito" independentemente do Espírito, como podemos determinar nosso crescimento espiritual desta maneira?

Há uma diferença qualitativa entre as virtudes do amor, alegria, paz, longanimidade, etc, engendradas em nós pelo Espírito Santo e aquelas exibidas pelos descrentes. Os não-crentes operam por motivos que, em última análise, são egoístas. Quando, porém, um crente exibe o fruto do Espírito, ele está mostrando características que, em última análise, são voltadas para Deus e para o próximo . Ser cheio do Espírito Santo significa ter uma vida controlada pelo Espírito; os não-crentes só podem exibir essas virtudes espirituais no nível da capacidade humana.

Paulo faz uma lista das virtudes do fruto do Espírito em sua carta aos Galatas: "Mas o fruto de Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio" (Gl 5.22,23). Estas virtudes caracterizam a vida cristã. Se somos cheios do Espírito, vamos exibir o fruto do Espírito. Isso, porém, obviamente envolve tempo. Não são ajustes superficiais do caráter que ocorrem da noite para o dia. Tais mudanças envolvem uma reformulação das disposições mais íntimas do coração, o que representa um processo de longa vida de santificação pelo Espírito.

Sumário

Em suma, tendemos a negligenciar o estudo do fruto do Espírito Santo porque: nos preocupamos mais com aspectos exteriores¹; nos preocupamos mais com os dons espirituais² e reconhecemos que muitas pessoas incrédulas exibem as virtudes espirituais melhor do que os cristãos³. E mais fácil medir a espiritualidade por fatores exteriores do que pelo fruto do Espírito.

Podemos ter os dons espirituais e mesmo assim ser imaturos. Existe uma diferença qualitativa entre a presença das virtudes espirituais nos incrédulos e nos crentes. Nos incrédulos, a virtude demonstra um mero esforço humano. Nos cristãos, as virtudes espirituais representam o Espírito Santo produzindo um fruto espiritual numa medida além da capacidade humana.

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