segunda-feira, 26 de abril de 2010

As traduções atuais podem estar erradas?


Falar a respeito de inerrância é um engano. Os que fazem essa objeção apontam para o fato de que a inerrância sempre tem sido reivindicada para o documento original ou para as cópias originais dos documentos bíblicos. Todavia, nenhuma delas sobrevive; temos somente cópias de cópias do que Moisés, Paulo ou Pedro escreveram.

Qual é, então, a razão de se atribuir tanta importância à doutrina que se aplica somente aos manuscritos que ninguém possui? Em resposta a essa objeção, podemos primeiro pensar em uma analogia da história americana. A cópia original da Constituição dos Estados Unidos está guardada no edifício chamado National Archives, em Washington, DC. Se por causa de um terrível evento o edifício for destruído e a cópia original da Constituição se perder, poderíamos saber o que a Constituição dizia? Claro que sim! Nós compararíamos suas centenas de cópias e, onde todas concordassem, teríamos razão para crer que temos as palavras exatas do documento original.

Processo semelhante ocorreu na determinação das palavras originais da Bíblia. Pois, em cerca de 99% das palavras da Bíblia, nós sabemos o que o manuscrito original dizia. Mesmo que em muitos versículos haja variantes textuais (isto é, palavras diferentes em diferentes cópias antigas do mesmo versículo), a decisão correta é com freqüência bastante clara (pode haver um óbvio erro de copista, por exemplo), e há realmente pouquíssimos lugares onde a variante textual seja ao mesmo tempo difícil de avaliar e relevante para a determinação do sentido do texto. Em porcentagem pequena de casos em que há incerteza significativa a respeito do que o texto original dizia, o sentido geral da frase em geral é suficientemente claro por causa do contexto.

Isso não significa que o estudo das variantes textuais não seja importante, mas significa que o estudo das variantes textuais não nos deixa confusos a respeito do que os manuscritos originais disseram. Ao contrário, esse estudo nos aproxima do conteúdo dos manuscritos originais. Porque, para a maior parte dos propósitos práticos, os textos especializados presentemente publicados do hebraico do AT e do grego do NT são como se fossem os manuscritos originais.

Para muitos que negam a inerrância, a convicção de que há alguns erros evidentes na Escritura é o fator de maior importância que os persuade a desafiar a doutrina da inerrância. Em cada caso, contudo, a primeira resposta que deveria ser dada a essa objeção é perguntar onde os erros estão, ou em qual versículo específico ou versículos esses “erros” ocorrem. É surpreendente ver quantas vezes essa objeção é levantada por pessoas que têm pouca ou nenhuma idéia sobre onde os erros específicos estão. Todavia crêem que há erros porque outros disseram que há.

Em outros casos, contudo, alguns mencionam uma ou mais passagens específicas onde, segundo alegam, há uma afirmação falsa na Escritura. Em muitos exemplos, o exame cuidadoso do texto bíblico em si trará à luz uma ou mais soluções possíveis para a dificuldade alegada. Em poucas passagens, nenhuma solução para a dificuldade pode ficar imediatamente evidente da leitura do texto em nossa língua. A essa altura é útil consultar alguns comentários sobre o texto. Há uns poucos textos em que certo conhecimento do hebraico ou grego talvez seja necessário a fim de se encontrar a solução, e quem que não possui acesso de primeira mão a essas línguas terá de encontrar respostas em um comentário mais técnico ou servir-se de alguém que possua treinamento para isso.

Naturalmente, o nosso entendimento da Escritura nunca é perfeito, e isso significa que pode haver casos em que não seremos capazes de encontrar solução para uma passagem difícil no presente momento. Isso é assim porque a evidência lingüística, histórica ou contextual de que precisamos para entender a passagem corretamente ainda é desconhecida para nós. Essa dificuldade em pequeno número de passagens não deve incomodar-nos, desde que o padrão total de nossa investigação dessas passagens mostre que não há, de fato, nenhum dos erros alegados. Finalmente, a perspectiva histórica sobre essa questão é útil. Não há realmente quaisquer problemas “novos” na Escritura.

A Bíblia em sua totalidade tem mais de dezenove séculos, e os pretensos “textos-problema” estavam ali o tempo todo. Todavia, no decorrer de toda a história da igreja há a firme crença na inerrância das Escrituras no sentido em que ela foi definida neste capítulo. Além disso, há centenas de anos estudiosos muito competentes da Bíblia lêem e estudam esses textos-problema e ainda não encontraram dificuldade em sustentar a inerrância. Isso deveria deixar-nos confiantes em que as soluções para esses problemas estão disponíveis e em que a crença na inerrância está totalmente de acordo com a duradoura atenção dedicada ao texto da Escritura.

Fonte: Wayne Grudem, Teologia Sistemática. Estudos Bíblicos - Sola Scriptura.

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