segunda-feira, 12 de abril de 2010

A Origem da Bíblia e a Legitimidade das Sagradas Escrituras


A necessidade da Escritura pode ser definida do seguinte modo: A necessidade da Escritura significa que a Bíblia é necessária para o conhecimento do evangelho, para a manutenção da vida espiritual e para certo conhecimento da vontade de Deus, mas não é necessária para saber que Deus existe ou para saber algo a respeito do caráter de Deus e das leis morais. Essa definição pode agora ser explicada em suas várias partes.

Em Romanos 10.13,14,17, Paulo diz: “...porque ‘todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo’. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue? [...] Conseqüentemente, a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo”.

Essa afirmação indica a seguinte linha de raciocínio:

1) Ela presume que a pessoa deve invocar o nome do Senhor a fim de ser salva. (No uso paulino em geral, assim como no contexto específico [cf.v.9],”Senhor”refere-se ao Senhor Jesus Cristo.)

2)As pessoas só podem invocar o nome de Cristo se crêem nele (isto é, aquele que é o Salvador digno de ser invocado, que responderá aos que o invocam).

3) As pessoas não podem crer em Cristo a menos que tenham ouvido a respeito dele.

4) Elas não podem ouvir de Cristo a menos que haja alguém que lhes fale a respeito de Cristo (um “pregador”).

5) A conclusão é que a fé salvadora vem pelo ouvir, isto é, por ouvir a mensagem do evangelho, e ouvir a mensagem do evangelho vem por meio da pregação de Cristo. A conclusão parece ser que, sem ouvir a pregação do evangelho de Cristo, ninguém pode ser salvo.

Essa passagem é uma das diversas que mostra que a salvação eterna vem somente por meio da fé em Jesus Cristo, e não de Outro modo. Falando de Cristo, João 3.18 diz: “Quem nele crê não e condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus”. De modo semelhante, em João 14.6, Jesus diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”.’ Mas se as pessoas podem ser salvas somente por meio da fé em Cristo, alguém poderia perguntar como os crentes da antiga aliança podiam ser salvos.

A resposta deve ser que os que foram salvos sob a antiga aliança foram salvos por meio da confiança em Cristo, embora sua fé fosse um “olhar adiante” baseado na palavra da promessa de Deus de que o Messias ou o Redentor haveria de vir. Falando dos crentes do AT como Abel, Enoque, Noé, Abraão e Sara, o autor de Hebreus diz: “Todos estes vive ram pela fé, e morreram sem receber o que tinha sido prometido; viram-no de longe...” (Hb 11.13). E Jesus pôde dizer de Abraão: “Abraão, pai de vocês, regozijou-se porque veria o meu dia; ele o viu e alegrou-se” (Jo 8.56). Isso se refere certamente à alegria de Abraão em olhar em direção ao dia do Messias prometido. Assim, mesmo os crentes do AT possuíam fé salvadora em Cristo, para quem eles olharam, não com o conhecimento exato dos detalhes históricos da vida de Cristo, mas com grande fé na absoluta confiabilidade da palavra da promessa de Deus. A Bíblia é necessária para a salvação, portanto, neste sentido: uma pessoa deve ler a mensagem do evangelho da Bíblia por si própria ou ouvi-la de outra pessoa. Mesmo os crentes que alcançaram a salvação na antiga aliança obtiveram-na quando confiaram nas palavras de Deus
que prometiam o Salvador que estava para vir.

Há outras idéias que diferem deste ensino bíblico. O inclusivismo é o pensamento de que as pessoas podem ser salvas pela obra de Cristo sem conhecer nada a respeito dele e sem confiar nele, mas simplesmente por seguirem sinceramente a religião que conhecem. Os inclusivistas freqüentemente falam a respeito de “muitos caminhos diferentes para Deus” mesmo que enfatizem que eles pessoalmente crêem em Cristo. O universalismo é o pensamento de que todas as pessoas, em última instância, serão salvas. O pensamento sustentado neste capítulo de que as pessoas não podem ser salvas sem conhecer a respeito de Cristo e da confiança nele é por vezes chamado exclusivismo (embora a palavra em si mesma não seja feliz, por sugerir um desejo excluir outros e, desse modo, falhe em transmitir o tema do alcance missionário, tão forte no NT).

A Bíblia é necessária para a manutenção da vida espiritual. Jesus diz em Mateus 4.4 (citando Dt 8.3) que “nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”. Aqui Jesus indica que nossa vida espiritual é mantida pela nutrição diária com a Palavra de Deus, exatamente como nossa vida física é mantida pela nutrição diária com comida física. Negligenciar a leitura regular da Palavra de Deus é prejudicial para a saúde de nossa alma, como negligenciar a comida física é prejudicial para a saúde de nosso corpo.
Fonte: Wayne Grudem, Teologia Sistemática. Estudos Bíblicos, Sola Sriptura

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