domingo, 25 de abril de 2010

A quantidade das Escrituras é suficente?


Naturalmente, percebemos que nunca obedeceremos perfeitamente a toda a Escritura nesta vida: "Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo" (Tiago 3.2); "Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganho, antes recebamos o inteiro galardão. Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis " (l João 1.8-10).

Assim, à primeira vista pode não parecer muito importante dizer que tudo o que temos de fazer é o que Deus nos ordena na Bíblia, visto que nunca seremos capazes de obedecer a ela em todas as coisas, de qualquer forma. Mas a verdade da suficiência da Escritura é de grande importância para nossa vida cristã, porque ela nos capacita a concentrar nossa busca das palavras de Deus para nós somente na Bíblia e nos livra da tarefa infindável de pesquisar em todas os escritos dos cristãos por meio de toda a história, ou nos ensinos da igreja, ou em todas as sensações e impressões subjetivas que vêm à nossa mente dia após dia, a fim de saber o que Deus requer de nós. De modo muito prático, isso significa que somos capazes de chegar a conclusões claras sobre muitos ensinos da Escritura.

Essa doutrina significa, além disso, que é possível coletar todas as passagens que dizem respeito diretamente a questões doutrinárias como a expiação, ou a pessoa de Cristo, ou a obra do Espírito Santo na vida dos crentes hoje. Nessas e em centenas de outras questões morais ou doutrinárias, o ensino bíblico a respeito da suficiência da Escritura dá-nos confiança de que nós seremos capazes de saber o que Deus requer que pensemos ou façamos nessas áreas. Em muitas dessas áreas podemos obter certeza de que nós, juntamente com a grande maioria da igreja no decorrer da história, encontramos de maneira corretamente formulada tudo o que Deus quer que pensemos ou façamos. Afirmada de modo simples, a doutrina da suficiência da Escritura nos diz que é possível estudar teologia sistemática e ética e encontrar nelas respostas às nossas
perguntas.

A quantidade de Escritura dada foi suficiente em cada estágio da história redentora. A doutrina da suficiência da Escritura não implica simplesmente que Deus não pode mais acrescentar palavras às que ele já falou ao seu povo. Ao contrário, a doutrina implica que os seres humanos não podem acrescentar, por iniciativa própria, quaisquer palavras às que Deus já falou. Além disso, ela sugere que de fato Deus não falou à raça humana outras palavras mais, em relação às quais ele requeira crença ou obediência, além das que temos na Bíblia. Esse ponto é importante, porque nos ajuda a entender como Deus poderia dizer a seu povo que suas palavras lhes eram suficientes em muitos pontos diferentes na história da redenção e como ele poderia, não obstante, acrescer outras palavras posteriormente. Por exemplo, em Deuteronómio 29.29 Moisés diz que “as coisas encobertas pertencem ao SENHOR, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei”.

Esse versículo nos lembra que Deus sempre tomou a iniciativa de revelar coisas a nós. Ele decidiu o que revelar e o que não revelar. Em cada estágio da história da redenção, as coisas que Deus revelou foram para o seu povo para aquela época, e eles deviam estudá-las, crer nelas e obedece-las. Com o progresso posterior da história da redenção, mais palavras de Deus foram acrescentadas, registrando e interpretando aquela história.

Fonte: Wayne Grudem, Teologia Sistemática. Estudos Bíblicos - Sola Scriptura.

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